28 de dezembro de 2010

TÉCNICAS OU MÉTODOS DE ACASALAMENTOS UTILIZADOS COM OS CANÁRIOS

Há amigos e seguidores deste blogue atentos ao que escrevo e o amigo Carlos Ramos, Juiz de Canários de Cor, é disso exemplo pois quando fiz referência ao facto de os canários do meu Pai passarem o inverno juntos quando noticiei que, também, ele ia criar arlequins, logo me "desafiou" a desenvolver o tema dos canários passarem o inverno juntos, o que, com muito gosto faço agora.
Quando em 1978 comecei a dedicar-me à criação de canários, gastei mais dinheiro na aquisição de literatura sobre a criação de canários do que propriamente na compra dos meus primeiros casais de canários.
Desde o livro "A Moderna Criação de Canários" da autoria, do saudoso Juiz de Canários de Cor, Snr. Manuel Gonçalves (que tive o prazer de conhecer) e que foi o primeiro que comprei, seguido dos títulos: "ABC da Criação de Canários" e "Raças de Canários" o que na altura me pareceu mais completo foi um livro com 285 páginas, ilustrado com fotos de canários de cor e porte (curiosamente as fotos dos canários de porte, na sua grande maioria, já nada têm a ver com os actuais standards), da autoria de Vittorio Menassé, autor de vários livros sobre ornitologia,cujo título em português é "O Livro dos Canários" e dado è estampa pela Editorial de Vecchi.

O teor do livro é de fácil compreensão e tem ensinamentos de métodos que, de um modo geral, não saiem muito do padrão que todos os criadores com mais ou menos experiência conhecem, mas tem uma referência que me chamou particular atenção, foi a afirmação de que os casais que iriam ser utilizados para reprodutores deviam passar o inverno juntos, apesar de não se alongar sobre o que fazer para se evitar uma entrada precoce na criação.
Utilizei o método durante dois ou três anos mas acabaria por desistir por, em primeiro lugar todos os criadores conhecidos não utilizarem o método e me dizerem ser errado e, em segundo lugar, porque talvez devido à minha inexperiência quando juntava os casais, geralmente no inicio de Dezembro, passadas duas ou três semanas tinha fêmeas a pôr ovos, a maior parte das vezes sem estarem galados e mesmo quanto estavam galados os filhotes não se vingavam por às vezes as temperaturas, demasiado baixas, fazerem as fêmeas abandonarem o ninho e consequentemente a alimentação dos filhotes.
Este método de os reprodutores passarem o inverno juntos, viria a ser adoptado bastantes anos depois pelo meu Pai (a quem emprestei o livro) que desde sempre e apesar dos meus "doutos conselhos" sempre seguiu o que pensava ser melhor e, a verdade, é que tem tido êxito.

A técnica consiste no seguinte:

  1. Até ao fim da muda as aves são tratadas normalmente com administração semanal ou bi-semanal de papa. Em inicio ou meados de Setembro deixa de fornecer papa aos canários
  2. Na última semana de Novembro e uma vez que os machos logo no fim da muda são isolados nas jaulas de criação, procede à selecção das fêmeas que pretende acasalar colocando-as nas jaulas com os respectivos machos, sem qualquer material de criação, logo na primeira semana de Dezembro. Entretanto foi feita a desparatização interna das aves.
  3. Aproximadamente em meados de Fevereiro, coloca as fêmeas de novo na voadora e começa então a prepará-las colocando-lhes papa à descrição e fornecendo-lhes suplementos vitamínicos. A preparação dos canários começa cerca de uma semana depois.
  4. No fim da primeira semana de Março e conforme vai verificando se as fêmeas estão ou não com cio coloca-as na jaula dos respectivos parceiros com quem estiveram cerca de dois meses e meio.
  5. O êxito deste método manifesta-se na altura das posturas em que é raríssimo ter ovos goros.

O método que utilizo é bastante diferente porquanto forneço papa todo o ano aos canários, obviamente que na época de acasalamento e reprodução as doses são substancialmente aumentadas, os machos para reprodução são isolados mal terminam a muda e em Dezembro "mostro-lhes" as fêmeas colocando-as numa voadora em frente a eles, (nesta altura os chilreios e gorjeios dos machos torna-se quase ensurdecedor) e junto-as quando acho que se encontram prontas para a reprodução o que acontece a partir de meados de Janeiro ou inicio de Fevereiro, se as temperaturas não forem muito baixas, com tudo o que é necessário para fazerem o ninho.
Sei, de casos raros, em que as fêmeas são colocadas na jaula de criação em primeiro lugar com tudo o que for necessário para fazerem o ninho e só quando o ninho se encontra meio feito juntam-lhe o macho.
Vantagens destes métodos, no primeiro caso em que passam o inverno juntos os "calores" dos machos são mais reservados pois estiveram o tempo todo com as fêmeas e apesar de ser estimulado naturalmente ao ficarem sem elas, quando as fêmeas lhes são de novo chegadas galam-nas pura e simplesmente sem qualquer tipo de "guerra" mantendo-se durante a época de reprodução o cio de uma forma constante e não agressiva o que motiva posturas mais fecundas.

O sistema. por mim utilizado, em que "mostro" as fêmeas aos machos funciona na medida em que estando a fêmea pronta mal a meto ao macho este gala-a de imediato, mas não impede às vezes alguma agressividade do macho com o cio demasiado elevado.
O sistema em que se chega a o macho à fêmea tem a desvantagem de se a fêmea for dominante, e não estiver convenientemente receptiva ao macho, ser agressiva com ele e gora-se o acasalamento pretendido pois o macho com medo deixa de se fazer à fêmea.

Haverá ainda quem apenas pegue na fêmea e a chegue ao macho na altura da criação, mas esse é um método que, francamente, desaconselho pois em muitos casos por incompatibilidade e inclusive por uma questão territorial, há aves que se matam uma à outra
Existirá, possivelmente, outra metodologia de acasalamentos de canários mas creio que os métodos referidos são os mais conhecido e utilizados.

3 de outubro de 2010

* REMOÇÃO DE QUISTOS *

Verifico, regularmente, haver criadores que nunca se depararam com canários com quistos e quando isso acontece temem logo o pior para a suas aves. Isso sucedeu comigo quando aconteceu pela primeira vez. Segundo o que tenho lido e, ainda, com a troca de informação com outros colegas criadores a origem dos quistos, de um modo geral, têm três situações, a saber:

1.º - Acasalamento entre aves com uma consaguinidade muito próxima.

2.º - Aves com uma plumagem excessiva (por exemplo os Norwichs).

3.º - A mais comum, penas encravadas, muitas das vezes originadas por as aves se bicarem, principalmente na altura da muda.

A remoção de quistos que pretendo abordar é exactamente aquela que, mais tarde ou mais cedo acontecerá a quem se dispuser a criar canários, tem origem em pena ou penas encravadas. Estas penas encravadas, desenvolvem-se no interior da epiderme e à medida que crescem enrolam-se sobre si mesmas em forma de novelo dando, com o continuo crescimento, aparecimento a uma forma de pequeno grão de milho que é o chamado quisto.

No caso das aves com quistos ocasionados pela consanguinidade será mais constante o aparecimento, não só destes mas de outros tipos de quistos, pelo que obviamente, não é aconselhável a sua utilização como ave reprodutora.

Na impossibilidade de publicar fotos minhas sobre esta matéria utilizo, com a devida vénia, três fotos de colegas criadores o Nuno Carvalho (http://www.canariculturanunocarvalho.blogspot.com/) e o António Ganchinh0 (http://www.aganchinho.blogspot.com/)

Nesta a primeira foto vê-se o quisto já desenvolvido. É perfeitamente visível no centro da "bola" que se trata de um quisto provocado por uma pena encravada.

Nesta segunda foto vemos o quisto já "aberto" notando-se a pena putrefacta no seu interior.

Por fim nesta terceira foto vê-se perfeitamente o buraco deixado na ave pela extracção do quisto, que aparece no canto inferior direito da foto.

O sistema que utilizo para extrair os quistos é muito simples e, até à presente data, nunca me morreu nenhuma ave pela extração do quisto. Custa-nos um bocado porque a extração é feita a sangue frio e a ave tem dores mas quando a colocamos no viveiro, passadas umas horas, já parece outra pois encontra-se livre do apêndice que a incomodava.

O que utilizo para a extracção é, cuidadosamente, preparado antes de agarrar a ave e consiste no seguinte:

Alcool etílico para desinfectar o material a utilizar; gase para limpar a ferida (nunca algodão, o único que utilizo é o do cotonete que não se solta) água oxigenada para ajudar a limpar e estancar algum sangue; betadine para colocar na ferida; 1 cotonete para limpar o interior da ferida com betadine, 1 x-acto ou bisturi para fazer a incisão no quisto, uma pinça pequena para remover a pouco e pouco o novelo formado pela pena, uma tesoura e um pano limpo onde disponho tudo o que vou precisar.

1.º - Depois de desinfectar, bem, com alcool o instrumento cortante, a tesoura e a pinça, agarro a ave e dou inicio à extracção do quisto.

2.º - Se necessário aparo, com a tesoura, as penas à volta do quisto para que não entrem posteriormente para dentro da ferida que vai ficar.

3.º - Com o x-acto ou bisturi, faço uma incisão no quisto, no sítio onde melhor de nota o novelo formado pela pena. Se o corte for bem feito é raro aparecer sangue.

4.º - Após o corte, com ajuda da pinça vou retirando do interior a pena (que faz lembrar uma pipoca a esfarelar) até chegar a uma altura em que o "grosso" do quisto sai totalmente. Aqui há quase sempre o aparecimento de algum sangue é então utilizada a gase embebida em água oxigenada que com a ajuda da pinça introduzimos na ferida, para a lavar e estancar o sangue.

5.º - Ultrapassada a fase referida em 4.º embebo o cotonete em betadine e limpo cuidadosamente o buraco, causado pela extracção do quisto, bem como o bordo e se houver pele solta, pressiono-a levemente com o cotonete de forma a quase tamponar o ferimento.

6.º - Agora a ave deve ser colocada no viveiro e, dia sim dia ñão, aplico-lhe betadine até à completa cicatrização do ferimento. Regra geral entre os 10 e os 15 dias a aves está praticamante a 100%.

NOTA IMPORTANTE - Quando se detecta o quisto numa zona de grande aglomeração de vasos sanguíneos há que ter o máximo cuidado para não os atingir pois pode ser fatal para a ave.

25 de setembro de 2010

* CANÁRIOS ARLEQUIM PORTUGUÊS * O Variegado

Como sempre, nos meus escritos, começo por alertar as pessoas que me lêem, que o que escrevo mais não é do que mera observação pessoal sem qualquer carácter cientifico ou vinculativo, seguindo estas experiências que transmito quem quiser e muito bem entender.
Tenho verificado com alguma regularidade o aparecimento de aves com o lipocrómico branco oriundas de casais em que uma das aves é equilibradamente variegada e a outra é quase totalmente melânica. No caso concreto da melânica são as chamadas aves "azuis", algumas das quais até "aceitam" a coloração artificial aparecendo de um modo bastante diluído o factor mosaico, as autoras de tal observação. Até aqui nada de anormal o objectivo é mesmo esse, obtenção do branco por causa do mosaico, o problema é que as aves que nascem desse acasalamento, numa percentagem elevada, carecem de factor vermelho, são aves lindíssimas relativamente à cor, mas não servem para mais nada que não seja para reprodução uma vez que qualquer ave com aquelas características apresentada a concurso é imediatamente desclassificada.


Como digo a solução é usá-las para a reprodução e neste caso o que temos de juntar a uma ave destas? Segundo as observações e experiências que tenho feito obtêm-se alguns bons resultados se acasalarmos com estas aves uma ave variegada com predominância do melânico e com o mosaico bem marcado. Em alguns casos temos agradáveis surpresas na coloração obtida.
Tenho vindo a seguir os conselhos do Prof. Dr. Armando Moreno, tentando acasalar arlequins sempre equilibradamente variegados e ir "eliminando" os que nascem com nenhum ou pouco variegado.



Sendo certo que o tempo que levo de criação do canário arlequim português é, ainda, diminuto apercebi-me que é prematuro "desfazermo-nos" de imediato das aves com pouco ou nenhum variegado! Porquê? Simples! É que com o continuo acasalamento de aves equilibradamente variegadas vai haver tendência, ao fim de algum tempo, para obtenção de arlequins em que o variegado é demasiado escuro (melânico) ou demasiado claro (lipocrómico) deixando assim de serem arlequins equilibradamente variegados para passarem a ser apenas arlequins variegados.
Não sei se o sistema que utilizo para ultrapassar esta situação será correcto mas o que tenho vindo a fazer com, aliás, resultados que me satisfazem são acasalamentos, por exemplo: de um arlequim variegado com predominância melânica, com um arlequim com pouco ou nenhum variegado de predominância lipocrómica, utilizando o mesmo sistema na situação inversa.


Deste acasalamento, obtêm-se aves equilibradamente variegadas, aves variegadas e aves com pouco ou nenhum variegado. A partir daqui o criador terá que ter sensibilidade para seleccionar as aves que irão ser utilizadas na reprodução do próximo ano a fim de tentar obter o resultado pretendido.
Apesar de tudo o que digo também é verdade que por muitas "contas" que façamos quando juntamos duas aves equilibradamente variegadas, por vezes os filhotes nascem sucessivamente com pouco ou nenhum variegado e noutros casos quase nos apetece saltar de contentamento com um ninho cheio de passarinhos multicoloridos.


Escusado será dizer, pois penso que todos sabemos isso, geneticamente é impossível fixar as cores nos arlequins mas também não é menos verdade que esta incerteza sobre as cores que as aves nascidas irão trazer é mais um estímulo para o criador que, ansiosamente, espera ter os filhotes com as cores que idealizou. São situações como esta do variegado, no canário arlequim português, que fazem com que este seja um canário único na ornitologia mundial e que os seus apreciadores comecem, agora, a aparecer como as formigas num açucareiro, alguns um pouco "envergonhaditos" mas já com a "febre" de ver o que vão "tirar".
As fotos dos canários que fazem parte destes escrito, são de exemplares nascidos nas minhas instalações, dois tasi que não servem para concurso, mas que são óptimos para utilzar nas situações que referi.
Boa sorte para todos!

22 de julho de 2010

ENTREVISTA CONCEDIDA AO FÓRUM “NAÇÃO DOS CANÁRIOS” (BRASIL)

Há dias fui, agradavelmente, surpreendido com um e-mail onde o responsável do fórum "Nação dos Canários", do Brasil - fórum que frequento quase desde o dia da sua fundação -, me convidava para o que é o início de uma série de entrevistas direccionadas para pessoas, por um ou outro motivo, ligadas à ornitologia.
Sendo certo que este género de entrevistas faz bem ao ego, de qualquer entrevistado, não é menos verdade que a responsabilidade é maior quando o tema é a novel raça portuguesa do Canário Arlequim Português.
Com o meu muito obrigado pela distinção, transcrevo de seguida, com autorização do "Nação dos Canários", a referida entrevista na íntegra. Espero que gostem!


ENTREVISTANDO CRIADORES.



Antes de tudo agradeço em nome do fórum nação dos canários por sua disponibilidade e amabilidade de nos conceder e aceitar esta entrevista.


Nação - A sua família lhe apoiou quando decidiu criar canários?

Armindo - Quando comecei a criar canários, em 1978, tinha casado há pouco tempo e a esposa ainda não fazia ideia do que eu ia fazer. Como os passarinhos eram bonitos (de cor salmão) até achou alguma graça. Para além disso como estavam numa lavandaria/secadouro eram só dois não davam grandes preocupações. O pior viria depois com a continuidade da criação.

Nação - Gostaria de lhe perguntar sendo você criador de Arlequim Português como surgiu a paixão por estes canários?

Armindo -Eis uma pergunta que poderá gerar alguma polémica! Eu fui um grande "perseguidor" e detractor do Canários Arlequim Português. Porquê? Simples os canários que eu via eram todos pintos ou como os amigos dizem aí no Brasil "canários pé rapado". A paixão pelos Canários Arlequim Português aconteceu quase sem dar por isso. Eu vi os primeiros arlequins, creio que 2001, no Campeonato Mundial realizado em Portugal, na Vila da Feira e a única coisa que gostei foi das cores e da poupa, em tudo o resto para mim, aqueles canários eram pintos, com o evoluir da raça e após algum tempo de estudo comecei a vê-los com outros olhos e agora sou um seu acérrimo defensor.

Nação - Quais os problemas enfrentados no inicio da formação do seu plantel?

Armindo -Como disse atrás fui um grande, com letra grande, detractor do Canário Arlequim Português, mas como diz o povo, só os burros é que não mudam de opinião. Em 2007 comecei a "estudar" o fenómeno Arlequim Português. Li tudo o que havia para ler sobre a raça, na Internet e não só. Comecei a falar com entusiastas da raça e, literalmente, percorri Portugal do Norte a Sul visitando criadores já com "nome" feito na criação da raça e, em boa hora o fiz. Os canários que vi nada tinham a ver com os de 2001, eram esbeltos, cheios de vivacidade, com umas cores fantásticas e com um canto forte.
O único problema na constituição do plantel era a credibilidade dos criadores do Canário Arlequim Português, pois como ainda hoje há os fazedores de Arlequins já os havia nessa altura. Felizmente e em função da "pesquisa" que efectuei consegui arranjar seis casais de diferentes criadores alguns dos quais campeões nacionais. Não refiro nomes para não melindrar ninguém, mas eles sabem.

Nação - Quem influenciou você a criar Arlequim Português?


Armindo -Mais uma pergunta que vai gerar alguma polémica. A pessoa que fez com que eu começasse a gostar do Canário Arlequim Português, (participou em 2007 numa exposição, e quando vi os canários, já com o novo Standard fiquei extasiado) é, curiosamente um senhor que raramente fala comigo sobre o Arlequim, porque, soube há pouco tempo, eu em 2008 terei dito a alguém que os canários desse senhor eram uns bons pintos, referindo-me à coloração. A pessoa em questão deve ter pensado que eu estaria a dizer que os canários eram "canários pé rapado" e erradamente deixou falar comigo sobre arlequins apesar de, muito longe da verdade, pois se assim fosse não indicaria ao Presidente do Clube do Canário Arlequim Português, canários desse senhor para representar Portugal no reconhecimento da raça. Para além disso tive o azar de, como sempre digo o que penso, dizer a esse criador que o canário que tinha em 2.º lugar era melhor, em porte do que o que tivera o 1.º lugar. Como o criador já ia no segundo ano de criação e eu era novato, provavelmente não gostou que eu fizesse esse comentário e pronto a situação mantém-se até hoje.

Nação - Na sua opinião o Arlequim encanta tanto as pessoas porque?

Armindo - Sou suspeito para responder a esta questão em face do meu entusiasmo para com o Canário Arlequim Português mas vou tentar ser isento na resposta que dividirei em duas partes;

1.ª Parte – Se a pessoa em questão for uma pessoa que apenas pretenda um passarinho para companhia o primeiro factor será a coloração e se seguida o canto, pouco se importando com o porte, posição ou tamanho do canário (aqui os "fazedores" de arlequins saiem beneficiados pois vendem os canários a preços irrisórios). Só se especificamente a pessoa souber distinguir um Arlequim e o quiser é que não será enganada.

2.ª Parte – Se a pessoa for um criador em principio saberá das dificuldades, ainda, existentes em obter Canários Arlequim Português capazes de ombrear com os seu pares em exposições e, neste caso, procurará obter um canário que tenha um bom porte, posição e tamanho, ficando para factor secundário a cor, pois tudo dependerá do acasalamento que fizer no futuro.

Nação - Você acha que os criadores irão expor e vender ao mercado internacional matrizes do Arlequim ou ainda deixaram internamente em Portugal?

Armindo -Só posso falar por mim. Comigo os melhores exemplares ficam em casa e vão para exposição as segundas escolhas o que não significa que não sejam excelentes exemplares. Nunca comprei um canário pela classificação que obtém. A ave tem de me "dizer" alguma. Crio canários há sensivelmente 32 anos, tive a felicidade de em todas as raças tirar sempre prémios (para tudo na vida é preciso sorte e ela também me tem acompanhado) e sempre assim procedi. Mesmo assim, as pessoas que me adquirem canários, até à data nunca tiveram razão de queixa.

Nação - O Arlequim foi reconhecido recentemente. O que os clubes e criadores portugueses estão fazendo para divulgar mundialmente o Arlequim?

Armindo - Infelizmente há muito poucos Clubes a fazerem alguma coisa de destaque em prol do Canário Arlequim Português. Por muito que me custe dizê-lo, inclusivê, o próprio Clube do Canário Arlequim Português, do qual faço parte não só como associado mas como membro da Direcção. Há um ou outro Clube que realiza Colóquios de esclarecimento (como por exemplo ultimamente o Clube Ornitológico de Setúbal, onde não pude estar presente pois ia com Presidente do CCAP e este adoeceu repentinamente, felizmente não foi nada de grave e haverá mais oportunidades) onde de um modo geral está alguém da Direcção do CCAP presente, mas pouco mais.

Tenho, contudo, por amor à verdade de salientar o seguinte: apesar de aparentemente o CCAP (Clube do Canário Arlequim Português) passar para o exterior uma imagem letárgica a verdade é que conseguiu uma coisa impensável, para muitos, o reconhecimento da raça de canários portuguesa. Portanto se esta aparente letargia der frutos no futuro, que assim continue!

Tanto quanto sei as duas Federações existentes em Portugal também pouco ou nada fazem na divulgação de uma raça que já não é de Portugal mas do Mundo.

Vão valendo os, verdadeiros, criadores do Canário Arlequim Português que através da troca de informações e debates, nos seus blogues ou fóruns, vão fazendo a divulgação do Canário Arlequim Português. Passe a publicidade, eu mesmo tenho um blogue dedicado ao Canário Arlequim Português, http://www.canariosarlequimportugues.blogspot.com/, onde divulgo os meus parcos conhecimentos.

Nação - Na sua opinião o que poderia ser melhorado para divulgar o Arlequim mundialmente?

Armindo - Não podemos até por falta de tudo, (condições; financeira, humana, logística e afins) exigir que o Clube faça muito mais do que o que fez, mas há Instituições ligadas à ornitologia com tudo aquilo que ao Clube falta que nada fizeram para a divulgação do Canário Arlequim Português, veja-se por exemplo o "destaque" dado no Mundial realizado em Portugal que foi… nenhum. Já sei que foi um evento Mundial mas as Federações não deixaram de ser Portuguesas.

Passado quase meio ano do reconhecimento internacional do Canário Arlequim Português as duas Federações Ornitológicas existentes em Portugal nada fizeram para divulgar ou informar os criadores portugueses do que é o Canário Arlequim Português.

Uma das formas a utilizar para a divulgação seria fazer em todo o mundo ornitológico o que fez a Federação Ornitológica Italiana e a Federação Ornitológica Belga que publicaram nos órgãos (revistas) respectivos matérias acerca do Canário Arlequim Português e, creio que, brevemente a Federação Ornitológica Cultural e Desportiva Espanhola, também deverá escrever algo (sei porque me contactaram solicitando fotos para possível publicação).

Para além disso e uma vez que o Canário Arlequim Português deixou de estar tutelado pelo CCAP (penso que haverá sempre uma palavra a dizer do CCAP quanto ao Arlequim) para passar a estar sob a alçada da COM as Federações Ornitológicas Portuguesas deveriam em eventos internacionais fomentar a divulgação do nosso canário.

Nação - Qual a característica que você mais aprecia no Arlequim?

Armindo - É-me extremamente difícil separar algo do Arlequim pois como disse um bom amigo meu, pessoa de proa do Canário Arlequim Português e que muito lutou para o seu reconhecimento o Canário Arlequim Português é único e marca a diferença na ornitologia mundial precisamente por jamais haver um exemplar igual ao outro, na cor. Mas das coisas que mais prazer me dá e, suponho, que a todos os criadores da raça é a incerteza da coloração do filhote que vemos nascer e que só no fim da última muda das penas é que nos diz o que é em termos de cor.

Uma particularidade interessante no Canário Arlequim Português (este 2011 vai ser o quarto ano que os crio) é que todos os anos a coloração sofre alterações, tenho casos de canários escuros que se tornaram malhados e malhados que ganharam outras cores. Enfim, um regalo para os olhos!

Nação - No manejo com o Arlequim esta sendo ou já foi utilizado amas-secas?

Armindo - Nunca, desde que crio canários utilizei amas, assim como nunca, desde que crio canários dei palitada ou seringada. Comigo se os pais não alimentarem os filhotes este morrem. Na natureza ninguém lhes vai dar a palitada.

Nação - Como você vê a ornitologia portuguesa hoje?

Armindo - Sem dúvida alguma e falando em termos de futebol, Portugal participa actualmente sempre na Liga dos Campeões. Se até há poucos anos eram os criadores portugueses a ir ao estrangeiro comprar canários, actualmente os papéis inverteram-se, Continua-se a comprar no estrangeiro mas já se valoriza, e muito, os criadores portugueses que em eventos internacionais se vêm afirmando todos os anos pela qualidade e excelência das aves apresentadas a concurso. Veja-se as últimas prestações em Reggio Emilia e nos Campeonatos Mundiais.

Nação - Quais as principais dicas que você dá para quem quer iniciar uma criação com o Arlequim?

Armindo -O Canário Arlequim Português, para um iniciante, é uma raça difícil de criar pois, apesar de estabilizada e reconhecida, ainda tem muito caminho para andar e necessita de ser protegida das imitações. Portanto aconselho que se informem bem sobre a raça e a "conheçam" antes de se meterem a comprar mas, fundamentalmente que não procurem fazer Arlequins com cruzamentos aleatórios de outras raças. Já há tantos e bons criadores de Canários Arlequim que já não se justifica esse tipo de habilidades, com o senão de desvirtuarem o canário.


Façam como eu, comprem Arlequins, a quem já deu provas que é um criador consciente da raça. São caros!? Serão, mas o que é bom paga-se! Em vez de vários casais comprem só um ou dois de qualidade.

Nação - Como você avalia o fórum nação dos canários?

Armindo - Bom, a resposta que vou dar vai deixar alguns leitores com um sorriso meio amarelo, mas digo sempre a verdade. Acho que o Nação dos Canários é um fórum excelente, sem membros a armarem-se em estrelas, demonstrando respeito por quem não sabe e onde todos se ajudam. No fundo os participantes fazem-me lembrar uma família e tal como nas famílias há altos e baixos mas todos se estimam e respeitam. Já referi isto, por outras palavras, no próprio fórum portanto não é favor pela entrevista.



Nação - Obrigado mais uma vez por sua disponibilidade e amabilidade de nos conceder e aceitar esta entrevista.

Armindo - Eu é que agradeço a oportunidade de falar sobre um tema que me é grato e sinto-me honrado pela distinção de ser o primeiro criador de Canários Arlequim Português a responder às questões colocadas pelo Nação dos Canários. Bem hajam!

Saudações ornitófilas.


Armindo Tavares.


3 de junho de 2010

PROTUBERÂNCIA NA BASE DO BICO - JÁ ALGUÉM TEVE CANÁRIOS COM ISTO?!

Há sensivelmente uns dez dias, numa altura em que me encontrava a apreciar os filhotes que esvoaçavam na voadeira, chamou-me a atenção um canário que em qualquer posição parecia que estava a estudar o canto formando uma bolsa na base do bico, caracteristica de quando os filhotes começam a tentar cantar, só que deste canário não saía som nenhum.
Olhando mais atentamente verifiquei que o que pensava ser a tal bolsa, que eles fazem, não era mais do que uma protuberância anormal na base do bico, como se poderá verificar nas três fotos abaixo e pior havia mais dois assim embora com a tal protuberância não tão adiantada.Apanhei o canário em questão e verifiquei que a referida protuberância nascia na base do bico e tacteando-a senti que era dura e parecia ser constituida por grãos. Nos outros dois canários um estava nitidamente no inicio e o outro, digamos que se encontrava, num estado intermédio entre o primeiro, que mal se notava, e o das fotos.
Imediatamente isolei estas 3 aves e inspeccionei todas as outras uma a uma, não detectando mais nenhuma com o mesmo problema.
Como em 32 anos de criação nunca, mas nunca mesmo, me apareceu nada semelhante fiquei sem saber o que fazer; será que era contagioso? que "doença" seria?Para a primeira questão já tenho a resposta, felizmente não é nada de contagioso pois mais nenhuma ave apareceu com aquele problema. Relativamente à segunda questão já falei com diversos criadores e nenhum me soube dizer o que seria, pois também era a primeira vez que tal viam.
Um deles aconselhou-me a ministrar o Spartrix (medicamento columbófilo contra as Tricomonas) se não curasse mal também não faria e o resultado ao fim do tempo recomendado (seis dias) a ministrar o Spartrix é o seguinte: o canário que estava com o papito no inicío já não tem nada, o do meio também, embora pouco, regrediu este da foto é que aparentemente não melhora mas também não piorou.

Devo esclarecer que os canários saltitam vivamente de um lado para o outro, dão trinados, alimentam-se bem, enfim não fosse o tal papo e não se passaria nada de anormal.

Se alguém já tiver passado por esta situação e tiver ou não conseguido resolver o problema, poderá, querendo, deixar o seu comentário nesta mensagem a fim de eu e todos os que leiam esta prosa ficarem esclarecidos.

20 de abril de 2010

PIOLHO NO CANARIL

Um dos males que afectam muitos canaris, sobretudo na época das criações é, sem sombra de dúvida, o famoso piolho vermelho, (a criaturinha abaixo é uma foto retirada do site repelentebird.com.br) que literalmente arrasa com qualquer postura. De um modo geral o piolho vermelho ataca as aves durante a noite, altura em que estas se encontram a descansar e, portanto, mais acessíveis, banqueteando-se a sugar-lhes o sangue. Durante o dia este àcaro esconde-se nos intersticíos dos poleiros, nas frinchas, nos próprios comedouros, enfim em tudo que seja um espaçozinho onde se possa meter.

O mal, maior, é que por vezes um criador menos atento, ou inexperiente, tarda em dar conta destes hóspedes indesejáveis e quando dá por ela já se foi um ou dois filhotes que estavam no ninho, quando às vezes não vai também a fêmea que está a chocar.
Apesar de nos fóruns se falar constantemente deste problema e de formas, mais ou menos eficazes, de o combater, a verdade é que ainda há muita gente que não sabe o que fazer quando, aflita, vê os seus passarinhos cravejados do dito piolho!

Coincidência, ou talvez não hoje, pelas 18:00 horas, telefonou-me um senhor, do Alentejo, que não sabia o que fazer a uma praga de piolho que lhe apareceu no canaril e já lhe matara um filhote no ninho, estando outro em vias de também morrer.
A exemplo do que fiz com a papa para criação vou, aqui, dizer o que na minha opinião previne, quase a 99,9%, o aparecimento não só deste mas também de outros ácaros ou piolhos.
Como método preventivo:
  1. Manter as instalações e gaiolas sempre limpas (a limpeza é fundamental num canaril);
  2. O espaço onde colocamos os canários deve ser sempre bem arejado, sem correntes de ar;
  3. Por fim a prevenção, pulverizando regularmente as gaiolas (eu faço-o uma vez por semana, ou seja, sempre que faço limpeza).

Como forma de combate:
  • Em caso de infestação porque, infelizmente há bastantes anos, também já me aconteceu, o meu primeiro passo é misturar uma tampa do produto Insectornis em meio litro de água e, utilizando um pulverizador, borrifar todas as gaiolas, mesmo com os progenitores e os filhotes no ninho, independentemente do tamanho que têm.
  • De seguida com mais uma ou duas tampas de Insectornis faço uma pasta e pincelo as gaiolas, com particular incidência nos intersticios.
  • O passo seguinte é ver os canários com piolho; tendo o cuidado de proteger os olhos da ave dou-lhe uma borrifadela pelo corpo e, nos que têm ninhos, obviamente que procedo à troca dos ninhos infestados por outros limpos. Os infestados são imediatamente metidos em lixivia e posteriormente escaldados.
  • Depois destes passos nos dois dias imediatos borrifo as gaiolas e as aves próximo do anoitecer. Com sorte no terceiro dia temos o canaril livre destes hóspedes indesejáveis.

Eu, já há algum tempo que, com êxito, por altura as criações faço o seguinte:

  • Ao colocar os ninhos na gaiola, pulverizo a parte de plástico com um pouco de Caniaves e por cima do pó coloco o ninho de corda.
  • Quando a fêmea terminou de fazer, completamente, o ninho e pôs já o primeiro ovo, ao trocá-lo pelo ovo de plástico, ponho 5 gotas, mais ou menos em cruz, de Parasita, da Bogena, no ninho e deixo a fêmea assapar. Até hoje tem sido remédio santo.

Já utilizei todos os produtos que apresento junto a esta prosa com excepção do Frontline, que sei há quem use com êxito. Enquanto me der bem com estes produtos que estou a utilizar seguirei a máxima do futebol que é: em equipa vencedora não se mexe.

Como já disse, todas as semanas pulverizo as gaiolas, com Insectornis, é que se por acaso algum malandrito por lá aparecer, além de dar cabo dele evito, com a pulverização semanal, que os ovos por ele colocados venham a eclodir e deem origem a uma infestação.

Todos os produtos que aqui refiro, passe a publicidade, comigo sempre deram resultado, mas cumpro, dentro do possível, os três passos que cito como preventivo contra as infestações. Sempre utilizei Caniaves, ainda antes de ter este nome, junto com outros insecticidas, o Tabernil foi o primeiro que utilizei, depois utilizei o Men For Sun, antes utilizei um outro cujo nome não me recordo, mas também já não existe, actualmente utilizo o Caniaves, o Parasita e o Insectornis, conforme refiro acima.

16 de abril de 2010

PAPA DE CRIAÇÃO

Por experiência sei que o que funciona comigo, em termos de métodos de criação de canários, pode não funcionar ou dar o mesmo resultado se utilizado por outro criador. De um modo geral os métodos de criação são similiares, havendo ligeiras variações, mas sempre com o mesmo fim; a obtenção do melhor resultado possível.
Também já tive a minha fase de fazer perguntas, antes da Net, a criadores que sabiam mais do que eu, com o aparecimento da Net a fazer pesquisas, por blogues, fóruns, artigos e mais uma panóplia de sites vocacionados para a criação de aves.
Tudo isto bem a lume porque há dias uma pessoa que segue este blogue - ao ler isto ele saberá a quem me refiro - e que é iniciante nesta coisa da criação de aves (vim depois a saber que se está a inicar na raça do Canário Arlequim Português) disse-me mais ou menos isto: "- Sabe ando a seguir o seu blogue estou a seguir os seus métodos e estou satisfeito com o resultado!". Esta simples frase soou como um sinal de alarme na minha mente. Porque apesar de ter a noção das pessoas que diariamente acorrem a este espaço e apesar de ter o maior cuidado em tudo o que escrevo, o que transmito neste espaço são os meus parcos conhecimentos e as minhas opiniões pessoais.
Tenho este blogue pelo prazer que me dá partilhar os meus passarinhos, bons ou menos bons, com quem me segue e visita este espaço, pelo prazer que tenho em emitir a minha opinião sobre várias matérias em alguns casos discordando noutros concordando com opiniões de outras pessoas, sempre de forma sadia, responsável, e salutar; mas confesso (que além de ter gostado de saber que ajudo alguém) não me passou pela cabeça que houvesse pessoas a seguirem os meus métodos.
Por o que atrás disse vou colocar a seguir o "esquema" que este ano estou a utilizar para a papa que dou aos canários que têm filhotes, alertando mais uma vez que o que para mim dá resultado pode não dar com outro. Comecei incialmente por dar só germinado e papa (o meu germinado é só semente de níger). Depois experimentei adicionar mistura cozida na papa e reduzi ao germinado e aconteceu uma coisa engraçada dois ou três casais andavam atrás dos filhotes para os alimentar e estes, saciados, fugiam o que me levou a concluir que as sementes cozidas enchiam demais os pássaros, além do perigo de azedarem mais rapidamente quando o tempo quente aparecesse. Assim, optei por seguir o método que de certeza muitos utilizam mas poucos divulgam que consiste no que a seguir explico, passo a passo:


1 - Calculo aproximadamente a quantidade de mistura normal de canário que vou precisar para o dia seguinte e coloco-a numa vasilha adicinando-lhe água até a cobrir, ficando assim por 24:00 horas;

2 - Calculo a papa que vou dar aos canários que têm filhotes e coloco-a numa vasilha;

3 - Adiciono à papa, depois de bem escorrida, a mistura que ficou de molho desde o dia anterior;

4 - A papa depois de bem envolvida com a mistura fica com o aspecto da foto acima.

5 - Como por muito bem que se calcule sobra sempre papa adiciono, à papa com mistura humedecida, uma colher rasa de sopa de mistura seca; (mais abaixo explico porquê)



6 - Depois dos 5 passos acima referidos junto, finalmente, o germinado (no meu caso semente de níger);

7 - Aspecto final da papa, pronta a dar aos casais que têm filhotes.

Porque junto a mistura de sementes secas na papa? Simples, mal aos pais não faz, porque a dão às crias e estas quando saiem do ninho e começam a debicar depois de comerem as sementes mais amolecidas vão "treinando" a descascar as duras e começam a comer sózinhas bastante mais cedo. Para além disso a papa que sobra vai para a voadora onde os juvenis se deliciam com ela.

Como veem uma maneira simples e eficaz de se aproveitar tudo.

2 de abril de 2010

CONHECEMOS AS NOSSAS AVES?...

Porque o saber não ocupa lugar, alguns dos nomes eu desconhecia por completo, e porque acho interessante aqui deixo, à curiosidade de cada um, os nomes dos orgãos e dos ossos que compõem o esqueleto das nossas aves e que encontrei na internet, ignorando o nome ou nomes dos autores.

27 de março de 2010

TÊM POUCO VARIEGADO!!! QUE FAZER?! - II

Há algum tempo atrás, escrevi ácerca dos canários arlequim português que não eram variegados e o que se deveria fazer com essas aves opinando, inclusivé, que esses canários deveriam ser usados como reprodutores, pois para concurso, é mais que óbvio que não servem, em virtude de serem fortemente penalizados, na cor, sejam eles predominantemente melânicos ou predominantemente lipocrómicos.
Temos de ter em consideração que o Canário Arlequim Português é um canário de porte, passando a questão da cor, hipotéticamente, a um parâmetro secundário pois só vale 10 pontos. Na minha opinião a cor deveria ser mais valorizada pois só assim se entende a obrigatoriedade do canário ser matizado!
O baptismo do canário com o nome de Arlequim, não foi por acaso, senão vejamos; o Arlequim era um personagem da antiga comédia italiana que usava um traje feito de retalhos multicoloridos, geralmente, em forma de losangos. Ao ser "baptizado" com este nome implicitamente o canário ficou "obrigado" a ser variegado e/ou multicolorido, que é no fundo uma das razões que faz com que o Canário Arlequim Português seja diferente de todas as outras raças.

Se inicialmente era obrigatório o canário ter seis cores, hoje apenas é obrigatório que seja variegado. Antes era obrigatório o factor mosaico, actualmente não é.
Em ambas as situações referidas no parágrafo anterior o Clube do Canário Arlequim Português, no seu site oficial, não toma qualquer posição no sentido de repor a obrigatoriedade das famosas seis cores, nem tão pouco o factor mosaico (que convenhamos dá uma beleza impar ao canário).
Se, por exemplo, fosse obrigatório o Canário Arlequim Português possuir as famosas seis cores como originalmente estava previsto, como se iriam determinar a criação de classes para aves com uma determinada percentagem de lipocrómo e melânico, conforme já li? E, mais uma vez, o que se iria fazer aos Arlequins que não possuíssem as necessárias cores? Será que correriam o risco de serem utilizados só como simples reprodutores? Creio que não é uma politica correcta a seguir pois pelo facto do canário não ser equilibradamente variegado não deixa de ser um Canário Arlequim Português, uma raça portuguesa de porte.
Continua a questão do inicio desta prosa, mas então, têm pouco variegado!!! que fazer?!
Na minha modesta opinião pessoal resolvia o "problema" de uma forma simplista, simpática, que eliminaria 98% do "problema" da côr e mais importante ainda, o Arlequim continuaria a pautar a sua presença na ornitologia continuando a fazer a diferença para as outras raças; em vez de haver classes para percentagens de lipócromo e melânico como em algumas raças de porte (e nós sabemos a confusão que às vezes dão com aves fora da classe por causa da tal percentagem mais ou menos lipocrómica ou melânica) para o Arlequim criar-se-iam apenas três classes, a saber: Canário Arlequim Português com três cores, Canário Arlequim Português com quatro cores e por fim Canário Arlequim Português com cinco ou mais cores. Paralelamente e, aqui sim, como nas outras raças haveria uma classe machos e uma classe fêmeas.
Esta é só mais uma opinião como qualquer outra mas diferente, das existentes, tal como o Canário Arlequim Português.

26 de fevereiro de 2010

COMO APARAR AS UNHAS NO CANÁRIO.

Regularmente devem-se aparar as unhas das nossas aves; com esta simples rotina evitam-se, por vezes, dissabores como por exemplo: ovos furados no ninho, pelas unhas, ou ficarem as nossas aves presas pelas mesmas nos arames da gaiola, etc.
Neste exemplo nota-se perfeitamente entre o ponto 1 e 2 uma veia na unha, o corte para aparar a unha, (um simples corta-unhas serve para o efeito) deve ser oblíquo e deve ser distar do fim da veia cerca de 2 milimetros que é a distância aproximada entre o ponto 2 e 3.

COMO ANILHAR UM CANÁRIO.

Apesar de quase todas as pessoas
que começam a criar canários
terem uma ideia de como se deve anilhar
um canário aqui fica um esquema
para os mais novatos, e não só,
que deverão ter em atenção que um canário
deverá, em princípio ser anilhado
pelo sexto dia de vida.

20 de fevereiro de 2010

A COLORAÇÃO NO ARLEQUIM PORTUGUÊS

Vários amigos e iniciantes na criação do canário arlequim português me têm questionado acerca do modo como se deve ministrar o corante, para obtenção da coloração ideal.
Não há muito a explicar nesta matéria e só posso falar pela experiência pessoal neste campo de "pintar" o arlequim com o factor vermelho.
O método utilizado é o aconselhado para a coloração de qualquer canário que tenha factor vermelho, isto é, deve-se dar o corante a partir dos 45 dias de vida, ou seja logo que os filhotes são separados dos progenitores.

Bogena


No caso do Canário Arlequim Português se se der o corante logo de inicio, em algumas partes em que a ave tem vermelho, o corante vai "borratar" o vermelho isto é: há uma parte acentuadamente bem pigmentada que se vai diluindo do centro para o exterior ficando o vermelho meio esbatido. A cor vermelha, no arlequim, deve terminar,na minha opinião (e á assim que tento obtê-la)o mais parecido possível como se, por exemplo: se tivesse traçado um risco a delimitá-la.

Can-Tax


Há quem comece a dar o corante mal fazem o acasalamento, mas aí o que vai acontecer é que as aves vão ganhar um vermelho muito mais intenso o que nem sempre é bom nos canários que se vão apresentar a concurso, para além de que haverá situações de excesso de corante que prejudicará o fígado do canário aliás, fácil de detectar pois as fezes, como o corante não é absorvido para as penas, são expelidas com a cor avermelhada.

Quikon


Já há alguns anos criei canários de factor vermelho e o corante que sempre utilizo é um destes tês, cujas fotos acompanham este comentário, e que utilizo consoante a sua disponibilidade no mercado. Na minha opinião qualquer um deles é muito bom corante a única coisa que fazia, ainda faço e aconselho é que se use sempre a mesma marca de corante desde a altura em que se começa a dar, até ao fim da muda. Se assim não fôr corre-se o risco de a cor avermelhada, que se pretende uniforme aparecer "manchada".

Deve-se ter sempre em atenção que o Canário Arlequim Português é um canário de porte, equilibradamente variegado, com factor vermelho. Só assim servem para concurso, aliás foi "baptizado" com o nome Arlequim precisamente pela obrigatoriedade do seu variegado.

19 de fevereiro de 2010

CRIAÇÃO - 2.ª Fase (Acasalamento/Postura)

Faço aqui a destrinça da 1.ª para a 2.ª fase porque nesta altura deveria proceder ao acasalamento das aves, uma vez que estamos a meio do "tratamento", mas acho melhor efectuar o acasalamento pelo 24.º dia pois permitirá que o "tratamento" termine praticamente quando as fêmeas iniciam a postura.
Assim, vamos iniciar a 2.ª fase dando seguimento aos dias que já vêm da 1.ª fase:

- Dias 18 e 19,dar Vitamino L.
- Dias 20 e 21, dar Pro-Hepátic.
- Dia 22, dar AD3EC+K.
- Dias 23 e 24, dar Pro-Hepátic.
- Dia 25, dar Complexo B.
- Dias 26 e 27, dar Vitamino L.
- Dias 28, 29 e 30, dar AD3EC+K.
- Dia 31, dar Vitamino L.

Se alguém optar por este esquema e proceder como menciono quase garantidamente que ao 31.º dia, haverá fêmeas com ovos, restando-nos a esperança de que o macho tenha cumprido a sua obrigação e os ovos saiam galados.

Complemento o "tratamento" ministrando PRIME, na papa, durante todo o ano aos canários, com maior incidência na fase preparação e mantendo essa incidência até ao fim das criações.
Ainda durante a criação dos filhotes, adiciono à papa Bio-Sac Crómio.

16 de fevereiro de 2010

CRIAÇÃO - 1.ª Fase (Preparação/Prevenção)

Todos os criadores têm métodos próprios de criar canários. Poderá haver semelhanças mas método igual é que é mais dificil. Este ano, pela primeira vez uso a gama completa da Zoopan e sigo o programa por eles aconselhado como a seguir descrevo:

- Dias 1, 2 e 3, dar Sulfaprime + Vitamino L.
- Dias 4 e 5, dar Vitamino L.
- Dias 6, 7 e 8, dar Vermizoo + Complexo B.
- Dias 9 e 10, dar AD3EC+K.
- Dias 11 e 12, dar Avisstress.
- Aqui começo a dar à descrição Foscavit-Orni até ao fim das criações.
- Dias 13 e 14, dar Vitamino L.
- Dias 15 16 e 17, dat AD3EC+K.

Começo com este "tratamento" cerca de 45 dias antes de fazer o casais.
Ao decidir quais são os casais com que pretendo iniciar a época de criação, e após este "tratamento", passo à 2.ª Fase que divulgarei em breve.

12 de fevereiro de 2010

As sementes

Sempre dei, sem qualquer tipo de preocupação, mistura para canários como alimentação base, no entanto à medida que aprofundava conhecimentos comecei a ter algum cuidado e passei a dar mistura de sementes da versele-lag.

Houve um pequeno interregno de aproximadamente três anos em que só dava Nutri-bird, mas como me parecia que engordava demasiado as aves parei com o Nutri-Bird apesar de o considerar um bom suplemento alimentar.

Actualmente a base principal da alimentação dos meus canários, sempre, é mistura ligth para canários da versele lag e em cada quilo adiciono cerca de 80/100 gramas de Nutri-bird.

Com este método de alimentação acabo por fornecer, na minha opinião, um alimento também equilibrado pois verifico que as sementes negras (em principio as que fazem mais mal) são as primeiras a serem comidas, de seguida segue-se a alpista e por fim o Nutri-bird.

Com este tipo de alimentação tenho obtido exemplares saudáveis, é raro ter uma ave doente e ficam com penas luzidias.

Não tendo conhecimento cientifico baseio este meu comentário pelo que atrás reefiro e pela análise das fezes dos canários que são consistentes e secas.

As Papas

Enquanto não aparecem as primeiras crias, pois ovos já existem alguns, vou-vos falar da papa de enchimento/criação que dou aos meus canários.

Quando comecei a criar os primeiros canários a informação de que dispunha era a que ouvia os mais velhos e ou entendidos a "discutir" pois ninguém ensinava ninguém.

Assim comecei ouvindo um e outro a fazer a papa para os meus canários até a pedronizar a meu gosto. Tenho, para mim, que continua a ser bem melhor que as que compramos apesar de haver papas de excelente qualidade à venda. Cá vai a receita já com 30 anos:

2 Ovos cozidos (Retirava a casca depois de cozidos)
5 Paus de biscoito champanhe
6 Bolacha Maria, das tipo torradas
100 Gramas de pão ralado
3 colheres de sopa de mel
Sumo de uma laranja
(quando as havia)

Misturava tudo muito bem e dava a papa aos canários sem mais qualquer aditivo e era um regalo para os olhos vê-los a limpar tudo. O que sobrava metia no frigorifico.

Com o andar dos anos e a mecanização das coisas começaram a surgir as papas comerciais e aí deixei, lentamente, de fazer a "minha receita" e comecei a utilizar as papas comerciais.

A White Molen, a Cede, a Orlux a Canary e actualmente utilizo a papa Pineta 50% húmida e 50% seca. Já há alguns anos que deixei de dar aos meus canários papas que contenham ovo.

31 de janeiro de 2010

Têm pouco variegado!!! Que fazer?!

Há a ideia, correcta, generalizada que o Canário Arlequim Português tem de ser variegado/malhado, o Standard diz-nos que o Canário Arlequim Português deve ser "equilibradamente variegado". Assim sendo o que fazer aos canários que não saiem variegados/malhados e que, obviamente, não cumprem com este requisito?

Todos sabemos que o Canário Arlequim Português é um canário de Porte ou Postura; todos sabemos que genéticamente é impossível fixar as cores em virtude de ser obrigatório o variegado, assim as aves com pouco variegado não servem para concurso mas são excelentes para procriação pois são destes exemplares Arlequins que vão nascer os Canários Arlequim Português "equilibradamente variegados"

Eu acasalo os meus Arlequins usando o critério de todos os canaricultores, acasalo sempre:

1.º - Dois Arlequins equilibradamente variegados, uma ave intensa com uma ave nevada.

2.º - Na impossibilidade de as duas aves serem, equilibradamente variegadas, acasalo uma variegada, com uma pouco ou nada variegada.

3.º - Tenho sempre o cuidado de, se uma das aves for demasiado melânica, a acasalar com outra um pouco mais lipocrómica.

A parte mais importante de tudo o que atrás refiro é que acasalo sempre aves com todas as carecterísticas exigidas pelo Standard relativamente ao tamanho, porte e posição.

Não há, Canários Arlequim Português, portadores ou têm o porte, tamanho e posição ou não têm.

Há situações em que descendentes directos do Canário Arlequim Português, saiem em tudo igual aos progenitores mas não têm o tamanho. Também esses descendentes acasalados conscientemente, com um Canário Arlequim Português, dão origem a proles simplesmente espantosas.

Provavelmente pessoas que veêm estes exemplares, bem mais pequenos, descendentes directos do Canário Arlequim Português, pensam que são pios puros e pôem-se a "fazer" Arlequins. Não há nada mais errado! Nunca mais conseguem criar um Canário Arlequim Português puro.

Espero com este pequeno esclarecimento, baseado na minha experiência, satisfazer e auxiliar as pessoas que me têm contactado.

O Canário Arlequim Português é o extase de qualquer criador de canários pois, desde o acasalamento ao nascer dos novos passarinhos, há uma constante ansiedade em se saber se os filhotes irão ou não sair variegados/malhados.

Brevemente irei fazer os meus casais e nessa altura colocarei fotos dos mesmos.

16 de janeiro de 2010

Canaril



As minhas instalações para criação de canários, não são as melhores mas são as possíveis.
Graças à generosidade dos vizinhos crio os meus canários num lugar de garagem. As aves não sofrem o efeito dos gases pois há ventilação suficente que evita a sua acumulação. Para além disso há, no espaço onde me encontro confinado, uma janela de 60x40, sempre aberta, que permite a entrada de luz directa que é auxiliada por luz artificial.