A azafama com a passarada tem-me impedido de vir dar novas aos amigos seguidores deste espaço faço-o agora para partilhar umas palavrinhas sobre parte da história do Canário Arlequim Português e, também, sobre a sua cor, num texto que me foi pedido por um amigo para ser publicado na prestigiada revista da Federação Ornitológica Italiana (F.O.I.). O texto deveria ser acompanhado de fotos aves de vários criadores mas devido à fraca qualidade das fotos não foi possível publicá-las todas fazendo justiça à excelente qualidade das aves escolhidas. Segue o texto em português tal e qual foi enviado para Itália, acompanhado das páginas publicadas, em italiano. Desfrutem.
O Canário Arlequim Português – Primus inter
Pares
Por: Armindo Tavares;
- Juiz do Colégio Nacional de Juizes
(Secção E);
- Presidente do Clube do Canário
Arlequim Português;
- Presidente da Direcção Técnica
do Canário Arlequim Arlequim Português.
Fui desafiado, pelo amigo italiano
Giorgio Shipilliti, a escrever umas palavras sobre o Canário Arlequim
Português, é um desafio que aceito com agrado pois permite-me, junto dos colegas
criadores italianos, a quem saúdo, dar a conhecer mais um pouco deste canário
que cada vez tem mais criadores por esse mundo fora. Depois já ter lido
diversos textos de opinião sobre este novel canário, abordando as mais díspares
situações, vou tentar ser um pouco diferente e mais conciso na abordagem desta
matéria, fazendo uma pequena introdução sobre o nascimento do canário e
abordando de seguida um tema que gera sempre algum desconforto entre alguns
criadores, o variegado no arlequim.
1
– Primus inter pares
Foi no início da década de oitenta que
ouvi falar, pela primeira vez, no Canário Arlequim Português e no nome do seu
criador, o Prof. Dr. Armando Moreno; à data entre os criadores portugueses
poucos o levavam a sério face às características fenotípicas que o canário iria
possuir. Na verdade, com mais um punhado de amigos a que se juntaram outros
amigos, começaram lentamente a proceder a cruzamentos de canários de raças
várias visando sempre o objectivo final, um canário elegante com traços de alguma
rusticidade, de posição altiva e que fosse, obrigatoriamente, variegado;
pretendia o Prof. Dr. Armando Moreno, de alguma forma, que o canário fosse
desde logo identificado com a rusticidade do povo português, orgulhoso dos
feitos dos seus antepassados e pluriracial. Foi desta forma e pensamento que
durante cerca 30 anos o canário foi “trabalhado” por um punhado de criadores
portugueses, liderados pelo Prof. Dr. Armando Moreno e não refiro nomes sob
pena de poder esquecer alguém.
Quando em 2001, por fim, os primeiros
canários atingiram a qualidade necessária para serem apresentados publicamente
surgiu consensualmente o baptismo da nova raça, canário Arlequim; Arlequim
porque é uma palavra de cariz internacional e ainda porque sendo uma ave multicolorida o nome
assentava-lhe como uma luva pois lembrava o mítico Polichinello, vulgarmente
conhecido por Arlequim, com a sua roupa executada com bocados de tecido de
cores várias. Como se poderá verificar o nome, Arlequim, com que o canário foi
baptizado faz todo o sentido pois é, em qualquer circunstância, obrigatório que
a ave seja equilibradamente variegada.
Da miscelânea de raças e cruzamentos
efectuados conseguiu-se um canário belo, elegante, multicolorido e de canto
melodioso o que o faz único no mundo ornitológico, e que viria a ter o seu
reconhecimento definitivo internacional, pela COM, em 18 de Janeiro de 2010, em
Matosinhos, Portugal.
2
– A cor no arlequim… Sim, tem de ser obrigatoriamente variegado
Sendo o canário arlequim um canário de
porte causa alguma estranheza a muitos criadores que as aves nascidas com pouco
ou nenhum variegado não possam ser apresentadas a concurso; isto não é
totalmente verdade, elas podem ser apresentadas a concurso mas no item do
Standard referente à cor diz que a mesma deve ser “…multicolor e
equilibradamente variegada…” o que, na prática, significa que essas aves serão
fortemente penalizadas e em alguns casos consideradas atípicas da raça.
Todos sabemos que de um acasalamento de
canários arlequins equilibradamente variegados nascem aves variegadas, aves
pouco variegadas, e aves unicolores. Não há que estranhar nada, o canário
aquando da sua idealização teria de ser obrigatoriamente variegado, para além
de outras características e é isso, e só isso, que se tem de seguir pois foi
assim que o canário nasceu; os canários, filhos de canários arlequins
variegados, que não nasçam com as características, em termos de cor, e que não
respeitam o standard deverão ser utilizados para reprodução tendo sempre em
vista que devemos, sempre, seleccionar os melhores exemplares e tentar obter,
sempre, exemplares variegados.
Um canário só porque é variegado não é
um arlequim, tem de obedecer, também, a todos os outros itens do standard.
Não há raça nenhuma em que os exemplares
cumpram sempre o estabelecido nos standards e não é por isso que esses
exemplares menos bons são descartados; por exemplo temos raças de porte que não
podem ter manchas melânicas no corpo e só podem ser brancos ou amarelos que é o
caso dos Lancashires sendo admitida a melanina só na poupa, temos o caso dos
Poupa Alemão lipocrómicos que também só podem ter melanina na poupa o mesmo
sucedendo com os Rheilander e não é por isso que os criadores os deixam de
criar ou pretendem alterar o standard. Poder-se-á argumentar que há raças de
porte com variegados que admitem canários unicolores, é certo, mas essas raças
não nasceram com a obrigatoriedade de serem variegadas.
Quando no standard é referido que a ave
deve ser equilibradamente variegada pressupõe-se a distribuição em igual percentagem
de melanina e lipocrómo, e é uma interpretação correcta, contudo o que se
pretende é que uma ave tenha essa mesma percentagem de variegado distribuída
alternadamente por todo o corpo e essa será, sempre, uma ave muito mais
valorizada em detrimento de outra que seja, por exemplo; metade lipocrómica e
metade melânica, em igualdade de circunstância.
Com a evolução lógica, do canário, no
item do Standard relativo à cor é ainda referida a obrigatoriedade da coloração
artificial bem como a presença simultânea do lipocrómo vermelho e branco, uma
maneira, não técnica, de dizer que a ave deve a ter presença do factor mosaico
o que obriga a que o vermelho deve ser o mais vivo e brilhante possível pois
caso contrário surgirão aves com tendência alaranjada e amarelada que,
obviamente, terão de ser penalizadas na cor.
Muito bom
ResponderEliminara verdade como dizia o professor dr. Armando Moreno é que os Arlequins são uma ave diferente
ResponderEliminarpelas 7 côres que devem compor o seu variegado cabe ao criador trabalhar a ave para o seu aperfeiçoamento