28 de dezembro de 2010

TÉCNICAS OU MÉTODOS DE ACASALAMENTOS UTILIZADOS COM OS CANÁRIOS

Há amigos e seguidores deste blogue atentos ao que escrevo e o amigo Carlos Ramos, Juiz de Canários de Cor, é disso exemplo pois quando fiz referência ao facto de os canários do meu Pai passarem o inverno juntos quando noticiei que, também, ele ia criar arlequins, logo me "desafiou" a desenvolver o tema dos canários passarem o inverno juntos, o que, com muito gosto faço agora.
Quando em 1978 comecei a dedicar-me à criação de canários, gastei mais dinheiro na aquisição de literatura sobre a criação de canários do que propriamente na compra dos meus primeiros casais de canários.
Desde o livro "A Moderna Criação de Canários" da autoria, do saudoso Juiz de Canários de Cor, Snr. Manuel Gonçalves (que tive o prazer de conhecer) e que foi o primeiro que comprei, seguido dos títulos: "ABC da Criação de Canários" e "Raças de Canários" o que na altura me pareceu mais completo foi um livro com 285 páginas, ilustrado com fotos de canários de cor e porte (curiosamente as fotos dos canários de porte, na sua grande maioria, já nada têm a ver com os actuais standards), da autoria de Vittorio Menassé, autor de vários livros sobre ornitologia,cujo título em português é "O Livro dos Canários" e dado è estampa pela Editorial de Vecchi.

O teor do livro é de fácil compreensão e tem ensinamentos de métodos que, de um modo geral, não saiem muito do padrão que todos os criadores com mais ou menos experiência conhecem, mas tem uma referência que me chamou particular atenção, foi a afirmação de que os casais que iriam ser utilizados para reprodutores deviam passar o inverno juntos, apesar de não se alongar sobre o que fazer para se evitar uma entrada precoce na criação.
Utilizei o método durante dois ou três anos mas acabaria por desistir por, em primeiro lugar todos os criadores conhecidos não utilizarem o método e me dizerem ser errado e, em segundo lugar, porque talvez devido à minha inexperiência quando juntava os casais, geralmente no inicio de Dezembro, passadas duas ou três semanas tinha fêmeas a pôr ovos, a maior parte das vezes sem estarem galados e mesmo quanto estavam galados os filhotes não se vingavam por às vezes as temperaturas, demasiado baixas, fazerem as fêmeas abandonarem o ninho e consequentemente a alimentação dos filhotes.
Este método de os reprodutores passarem o inverno juntos, viria a ser adoptado bastantes anos depois pelo meu Pai (a quem emprestei o livro) que desde sempre e apesar dos meus "doutos conselhos" sempre seguiu o que pensava ser melhor e, a verdade, é que tem tido êxito.

A técnica consiste no seguinte:

  1. Até ao fim da muda as aves são tratadas normalmente com administração semanal ou bi-semanal de papa. Em inicio ou meados de Setembro deixa de fornecer papa aos canários
  2. Na última semana de Novembro e uma vez que os machos logo no fim da muda são isolados nas jaulas de criação, procede à selecção das fêmeas que pretende acasalar colocando-as nas jaulas com os respectivos machos, sem qualquer material de criação, logo na primeira semana de Dezembro. Entretanto foi feita a desparatização interna das aves.
  3. Aproximadamente em meados de Fevereiro, coloca as fêmeas de novo na voadora e começa então a prepará-las colocando-lhes papa à descrição e fornecendo-lhes suplementos vitamínicos. A preparação dos canários começa cerca de uma semana depois.
  4. No fim da primeira semana de Março e conforme vai verificando se as fêmeas estão ou não com cio coloca-as na jaula dos respectivos parceiros com quem estiveram cerca de dois meses e meio.
  5. O êxito deste método manifesta-se na altura das posturas em que é raríssimo ter ovos goros.

O método que utilizo é bastante diferente porquanto forneço papa todo o ano aos canários, obviamente que na época de acasalamento e reprodução as doses são substancialmente aumentadas, os machos para reprodução são isolados mal terminam a muda e em Dezembro "mostro-lhes" as fêmeas colocando-as numa voadora em frente a eles, (nesta altura os chilreios e gorjeios dos machos torna-se quase ensurdecedor) e junto-as quando acho que se encontram prontas para a reprodução o que acontece a partir de meados de Janeiro ou inicio de Fevereiro, se as temperaturas não forem muito baixas, com tudo o que é necessário para fazerem o ninho.
Sei, de casos raros, em que as fêmeas são colocadas na jaula de criação em primeiro lugar com tudo o que for necessário para fazerem o ninho e só quando o ninho se encontra meio feito juntam-lhe o macho.
Vantagens destes métodos, no primeiro caso em que passam o inverno juntos os "calores" dos machos são mais reservados pois estiveram o tempo todo com as fêmeas e apesar de ser estimulado naturalmente ao ficarem sem elas, quando as fêmeas lhes são de novo chegadas galam-nas pura e simplesmente sem qualquer tipo de "guerra" mantendo-se durante a época de reprodução o cio de uma forma constante e não agressiva o que motiva posturas mais fecundas.

O sistema. por mim utilizado, em que "mostro" as fêmeas aos machos funciona na medida em que estando a fêmea pronta mal a meto ao macho este gala-a de imediato, mas não impede às vezes alguma agressividade do macho com o cio demasiado elevado.
O sistema em que se chega a o macho à fêmea tem a desvantagem de se a fêmea for dominante, e não estiver convenientemente receptiva ao macho, ser agressiva com ele e gora-se o acasalamento pretendido pois o macho com medo deixa de se fazer à fêmea.

Haverá ainda quem apenas pegue na fêmea e a chegue ao macho na altura da criação, mas esse é um método que, francamente, desaconselho pois em muitos casos por incompatibilidade e inclusive por uma questão territorial, há aves que se matam uma à outra
Existirá, possivelmente, outra metodologia de acasalamentos de canários mas creio que os métodos referidos são os mais conhecido e utilizados.